Vencer os desafios depende da superação da “lógica da alienação”, diz deputado

28 Mai 2007
A palestra “Análise Conjuntural”, proferida durante o IV Encontro de Aposentados da DS/Curitiba pelo deputado estadual Tadeu Veneri (PT/PR), propôs a “quebra da lógica da alienação” como caminho para a superação dos desafios impostos aos AFRFs pela atual realidade social, econômica e política brasileira. A idéia é romper o ciclo de pensamento viciado que induz a acreditar que “as coisas sempre foram assim, logo, sempre serão assim” para, a partir daí, criar novas compreensões e comportamentos diante de fatos que fazem parte do nosso dia-a-dia no âmbito profissional, social e político. Funcionário do Banco do Brasil entre 1975 e 1999, Veneri militou no movimento sindical bancário e viveu, como ele se referiu, o início do desmonte da máquina pública em favor de um projeto cujas diretrizes são traçadas bem longe das fronteiras do nosso país, processo esse que afeta diariamente a realidade dos AFRFs, com constantes ataques à valorização da nossa carreira e as suas atribuições legais. Veneri citou várias “verdades” repetidas viciadamente na sociedade brasileira para exemplificar a quebra da “lógica da alienação”, tais como “o Brasil é um país pobre”, “o estado não tem dono” e “a máquina pública é ineficiente”. O deputado criticou a limitação de reajuste salarial que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) impõe aos servidores públicos. “O reajuste previsto no PAC aos servidores não cobre nem o crescimento vegetativo da folha”, afirmou. Veneri apontou ainda um contra-senso nessa questão: o Programa de Aceleração do Crescimento tem orçamento total de 450 bilhões e, só de juros para especuladores, a União paga anualmente mais de R$ 550 bilhões. Mídia X Desmonte do Estado – Veneri apontou a mídia como peça chave no processo de desmonte do Estado brasileiro. Veículos de comunicação de massa têm ajudado a propagar a imagem de estado ineficiente e funcionário público “barnabé”, paletó na cadeira e outras idéias do gênero. A mídia é fortemente utilizada para sustentar os valores e os eixos do estado mínimo, apontou o palestrante. Em alguns casos, a “militância” dos veículos de comunicação de massa é ainda mais direta e explícita. Exemplo disso, apontou, ocorre no caso da Emenda 3. Sob a liderança da Rede Globo, empresas de comunicação de todo o Brasil iniciaram ampla defesa da medida, que visa nitidamente criar um vale-tudo na relação capital/trabalho, na qual, obviamente, o maior prejudicado será o lado mais fraco, do trabalho. Veneri ressaltou que a medida só tem sido barrada graças à resistência da sociedade civil organizada, na ação orquestrada de entidades de classe, sindicatos e centrais sindicais. Na visão do deputado, o desmonte do aparelho do Estado continua a existir com força total no governo Lula e só vai parar caso haja pressão dos movimentos sociais. Sem isso, analisou o palestrante, Lula certamente terá um segundo mandato conservador, pautado pelos especuladores financeiros e agindo fortemente na desmoralização e no desmonte do Estado. O palestrante criticou as políticas de refinanciamento que vêm sendo adotadas pelos governos. Recentemente, exemplificou, o Paraná refinanciou dívida milionária de ICMS de uma companhia, em parcelas para pagamento em 50 anos. “Mesmo assim, provavelmente a empresa irá dar o calote”. Criticou também a sonegação e as brechas legais que incentivam a sua prática. “Hoje sonegar vale a pena, até porque não existe pena para quem faz isso, a não ser ter de recolher o imposto, caso seja descoberto”.