Indícios de lavagem de dinheiro no caso Cisco

19 Out 2007
Fiscais da Receita Federal encontraram indícios de lavagem de dinheiro envolvendo o esquema de fraude e sonegação de impostos do qual são suspeitas a Cisco Systems e a importadora Mude Comércio e Serviços Ltda.Os investigadores desconfiam que o esquema tenha evadido divisas simulando o pagamento de direitos autorais de softwares. O dinheiro seria enviado para empresas offshore sediadas no Caribe como se tratasse de uma operação para pagar os titulares da patente do software. Para a Polícia Federal (PF), essa operação seria uma forma de ocultar o patrimônio dos investigados.Fiscais da Receita que participaram da Operação Persona ficaram entusiasmados com a qualidade dos documentos apreendidos sobre as offshore do esquema. Essas companhias seriam responsáveis pela ligação entre as empresas fantasmas brasileiras e as norte-americanas mantidas pelo esquema que teria causado prejuízo de R$ 1,5 bilhão em sonegação de impostos nos últimos cinco anos.Além de propiciar a evasão por meio do pagamento de direitos autorais falsos, as operações com os softwares permitiam, segundo os investigadores, uma outra fraude: fingir que o valor do software era muito superior ao do equipamento importado. Neste caso, o esquema ganhava ao deixar de recolher o imposto de importação do equipamento ao mesmo tempo em que aproveitava da isenção existente para o software.Participação de executivo está sob investigaçãoOutro ponto investigado é a participação de Carlos Roberto Carnevali, ex-presidente da Cisco do Brasil, no esquema. Investigadores têm indícios de que Carnevali estaria por trás das operações da importadora Mude. O executivo é apontado pela PF como o responsável pela montagem do esquema. A Mude é uma empresa brasileira com filial nos EUA que intermediava a importação dos produtos da Cisco dos Estados Unidos para o Brasil. Os produtos importados saíam da Flórida. A maioria tinha como destino a Bahia, onde uma lei dá incentivos a empresas de informática instaladas no Estado.A PF já ouviu a maioria dos 40 suspeitos presos. O juiz Alexandre Cassetari, da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo, deve decidir se revoga ou não a prisão dos suspeitos.São Paulo