A cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim será amanhã, 8/8/08. Soube que tantos oitos se explicam pela crença chinesa que atribui muita sorte a esse número InEconomia e Olimpíadas ;e Hernanes marca em vitória sobre a Bélgica e livra Brasil de tropeço

07 Ago 2008

FONTE JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO 07082008 Economia e Olimpíadas Roberto Macedo A cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim será amanhã, 8/8/08. Soube que tantos oitos se explicam pela crença chinesa que atribui muita sorte a esse número. Durante os jogos, entretanto, ocorrerá a preponderante distribuição de azares entre os atletas. E, para arrancar mais medalhas além das poucas esperadas, o Brasil precisará contar com seus azarões. Como economista, enxergo freqüentemente com as lentes da profissão, e esses jogos atraem esse interesse. Por trás das disputas esportivas há um enorme negócio. Não conheço economistas brasileiros especializados na área esportiva, mas sei de um jornalista, Anderson Gurgel, com mestrado e um pé na área acadêmica, que se destaca na análise econômica do esporte. Num de seus artigos (*), a partir de várias fontes mostrou que os recursos movimentados em torno do esporte nos EUA foram estimados em US$ 235 bilhões em 2005, e no mesmo ano alcançaram R$ 37 bilhões no Brasil, respondendo aqui por 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos em 2004. E mais: entre 1995 e 2005 se estima que o setor esportivo cresceu 7,42% acima da expansão do PIB brasileiro, ganhando assim maior espaço na economia. Para hospedar os jogos a China vem gastando um dinheirão, dentro de seu objetivo de colocar mais uma jóia na coroa com que pretende reinar em algum momento deste século como a maior potência econômica mundial. Vi estimativas de que os gastos chineses com a Olimpíada alcançarão cerca de US$ 40 bilhões, ou 1,25% do seu PIB de US$3,2 trilhões. Atenção, Brasil, pois já rola a candidatura do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016: supondo o mesmo custo, uma Olimpíada aqui levaria 4% do nosso PIB de US$ 1 trilhão. Isso é aproximadamente o que o País gasta anualmente em educação. E que não sejam tomados os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados na mesma cidade, para dizer que dá para fazer. Aliás, constituem péssimo precedente e mau exemplo. Segundo o mesmo jornalista, esses jogos tinham uma previsão inicial de gastos de R$ 720 milhões, mas quando esse seu artigo foi concluído o orçamento já alcançava mais de R$ 3 bilhões e havia estimativas de que o custo total pode ter chegado perto de R$ 5 bilhões. Mas é ainda uma história mal contada, inclusive o capítulo sobre quem teria levado ouro sem ser atleta. Ainda recentemente, escutei pela Rádio CBN um debate entre personalidades cariocas esgrimindo cifras e argumentos sobre o assunto, inclusive o que fazer agora com as obras realizadas. Supondo o pior, ou seja, a última cifra, e a igualmente ruim taxa de câmbio atual, o custo teria chegado a US$ 3,2 bilhões, ou 8% do valor estimado para os jogos de Pequim, o que mostra que a escala das Olimpíadas é muitíssimo maior. Do ponto de vista econômico, hospedá-las é coisa para país muito grande, e que já tenha um Pibão, como a China, o que torna o ônus relativamente menor, ou para países com população rica e não muito pequenos. Mônaco não agüentaria uma. Também não vale dizer que em 2016 nosso PIB já seria bem maior, pois não tem condições de ganhar tanta musculatura até lá. Ademais, o Brasil precisaria começar a gastar bem antes do evento. Além da delegação brasileira, de 277 pessoas, que não sei se inclui a cartolagem, são notáveis a presença e o esforço dos jornalistas brasileiros, fazendo até mesmo várias reportagens sobre outros aspectos da China. Entretanto, faltam jornalistas mais voltados para os aspectos econômicos da Olimpíada e do país, pois isso ensejaria a oportunidade de trazer algumas lições importantes da China nas páginas esportivas dos nossos jornais, e na televisão para um público ainda mais amplo. Em particular, para entender por que a economia brasileira tem um ritmo mais parecido com o da marcha olímpica, aquela em que os atletas caminham longa e aceleradamente, mas sem correr, do que resultam um passo desengonçado e contínuos requebros. Já o ritmo da China segue mais o da maratona, que valoriza a velocidade num percurso também longo, e é também lembrado pelas corridas em que obstáculos são superados e, ainda, pelos saltos. Esse é o ritmo que marca o país no seu caminho para o crescimento econômico e melhoria do bem-estar de sua população. A chave desse crescimento é a ampliação da taxa de investimentos em suas várias formas, ou seja, da proporção do PIB que não é consumida, e se transforma em fábricas, escolas, hospitais, metrôs, estradas, portos e tudo o mais que gera produção ampliada de bens e serviços. Para isso a China reserva perto de 40% de seu PIB, enquanto o Brasil fica um pouco abaixo de 20%. Na linguagem dos agricultores, guarda pouco para semente, e sua produção segue devagar. Quem acompanhar os jogos verá novas construções monumentais, como o Ninho de Pássaro, o estádio para as competições de maior público, e o Cubo d?Água, com as tradicionais piscinas, mas também avanços tecnológicos. Falta, entretanto, um olhar mais amplo, que começasse pela infra-estrutura no entorno desses novos espaços e avançasse pelas áreas mais ligadas aos setores produtivos tradicionais, tanto na capital como fora dela. Há também lições de eficiência no uso dos recursos disponíveis, o fazer mais com os mesmos, e o mesmo ou até mais com menos. Aí ficaria mais claro para os brasileiros por que a China pôde hospedar os jogos e também por que avança mais rapidamente que o Brasil. E talvez, como nunca antes neste país, o nosso povo valorizasse mais a educação e o trabalho e os nossos políticos acordassem para ser mais eficazes e eficientes enquanto governantes. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080807/not_imp219144,0.php (*) O Pan na Mídia, apresentado no XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Santos-SP, 29/8/2007). Roberto Macedo, economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard (EUA), pesquisador da Fipe-USP e professor associado à Faap, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda

FONTE SITE UOL 07/08/2008 - 07h53 Hernanes marca em vitória sobre a Bélgica e livra Brasil de tropeço Bruno Freitas Em Shenyang (China) De volta às Olimpíadas depois de um hiato de oito anos, a seleção masculina de futebol do Brasil derrotou a Bélgica com muita dificuldade por 1 a 0 nesta quinta-feira, em Shenyang, em um jogo cuja monotonia que remeteu à recente fase da equipe principal do país foi salva por um gol do volante Hernanes já na parte final, quando os adversários já tinham um atleta expulso. Na estréia olímpica, a equipe de Dunga conseguiu apenas três finalizações certas para o gol, em duas cobranças de falta de Ronaldinho sem perigo para os belgas, além do gol. Ainda pouco para uma seleção que foi à China com a meta de medalha de ouro. O embate com os belgas na primeira rodada do grupo C do torneio masculino de Pequim também foi marcado pela virilidade em excesso, mais por parte dos europeus, com número de faltas ríspidas acima da média e fartura de cartões amarelos. Como já sinalizava na curta e atrapalhada fase de preparação para os Jogos, a seleção brasileira apresentou uma série de problemas de ordem tática e técnica, como dificuldade na saída de bola e falta de vias na transição até o ataque. Com um meio-campo que ainda não encontrou nem esboço de caminho, as jogadas de efetividade acabaram saindo em incursões isoladas dos laterais. De quebra, a defesa mostrou vulnerabilidade, principalmente em posicionamento, e passou por alguns sustos. Grande atração da equipe brasileira nas Olimpíadas, Ronaldinho tentou durante o duelo recuar ao meio-campo para procurar alternativas de jogo, mas a vontade esbarrou no encaixe tático da equipe e ainda na falta de ritmo físico. A partida contra a Bélgica foi a primeira da estrela do Milan em uma competição oficial em quatro meses. Mesmo assim, o astro foi a ´exceção pensante´ da criação ofensiva em alguns momentos. Com o resultado desta quinta-feira, a equipe de Dunga abre três pontos na abertura da disputa do grupo C, que também conta com as seleções de Nova Zelândia e China. A seleção brasileira volta a campo no próximo domingo, mais uma vez na cidade de Shenyang, onde enfrenta a Nova Zelândia pela segunda rodada do grupo C dos Jogos Olímpicos. Nesse compromisso, uma nova vitória pode já valer a classificação. O jogo A primeira oportunidade do jogo foi do belga Mirallas, que se desvencilhou da marcação na área, mas se atrapalhou para finalizar. O Brasil só conseguiu concluir aos 15min, quando Marcelo bateu torto após uma boa tabela entre Rafinha e Diego. Dez minutos mais tarde, o time de Dunga voltou a ter uma chance em uma cobrança de falta, batida por Ronaldinho por cima do travessão. Logo em seguida, a Bélgica por pouco não abriu o placar, depois que o goleiro Renan dividiu com Mirallas, e a bola sobrou para Fellaini, que não soube aproveitar a liberdade na entrada na área. Finalmente a seleção conseguiu fazer a bola chegar ao goleiro Bailly aos 29min, em cobrança de falta de Ronaldinho, sem perigo. No segundo tempo, o Brasil esboçou melhora logo nos primeiros segundos, com boa jogada de Pato pela esquerda, que acabou em arremate errado. O mesmo atacante perdeu boa oportunidade pouco depois, após confusão na área. Na resposta, Mirallas escapou livre da defesa brasileira e quase marcou na saída de Renan. Mas o Brasil escapou do empate na estréia graças ao volante Hernanes, que avançou ao ataque aos 33min da etapa final, se livrou da marcação e acertou um belo chute alto para definir a vitória da seleção na estréia. A Bélgica ainda teve dois jogadores expulsos por jogadas violentas, sendo um deles antes do gol brasileiro. No final, a arbitragem ainda anulou um gol de Jô, que estava em posição de impedimento. Brasil Renan; Rafinha, Alex Silva, Breno, Marcelo; Lucas, Hernanes, Anderson (Thiago Neves), Diego (Ramires); Ronaldinho e Alexandre Pato (Jô) Técnico: Dunga Bélgica Bailly; De Roover, Kompany, Vermaelen; Pocognoli, Fellaini, Vertonghen, Martens (De Smet), Tom de Mul (Vanden Borren); Mirallas (Simaeys) e Dembele Técnico: Jean-François Desard Auxiliares: Mohammed Al Ghamdi (SAU) e Hamdi Al Kadrie (SIR) Cartões amarelos: Hernanes, Anderson, Breno (BRA); Mirallas, Kompany, Pocognoli (BEL) Cartão vermelho: Kompany e Fellaini (BEL) Gols:Hernanes, aos 33min do 2º tempo ---------------------------------------------------------