Guilheiro e Ketleyn colocam Brasil no pódio e fazem história
FONTE SITE UOL11/08/2008 - 09h50Guilheiro e Ketleyn colocam Brasil no pódio e fazem históriaDo UOL EsporteEm São PauloLeandro Guilheiro e Ketleyn Quadros. Cada um a sua maneira, os dois judocas inscreveram seus nomes na história do esporte brasileiro nesta segunda-feira. O paulista tornou-se o primeiro judoca a obter duas medalhas seguidas em Jogos Olímpicos na modalidade. Já a brasiliense se transformou na primeira atleta nacional a subir ao pódio olímpico em uma prova individual em todos os tempos.Por caminhos diferentes, os dois também construíram sua chegada às Olimpíadas de Pequim. O primeiro alcançou a glória em Atenas-2004, mas enfrentou três cirurgias, quatro problemas físicos sérios e não conquistou títulos importantes fora do país. E apontava apenas um responsável. "Sou o culpado pelas lesões. Não por maldade, mas por falta de autoconhecimento. Em todos os treinos, eu passava do meu limite", reconheceu o judoca em entrevista ao UOL Esporte antes de embarcar para Pequim.A auto-sabotagem tirou o atleta do cenário internacional e poucos confiavam em uma boa performance na China. Na mesma categoria, Ketleyn Quadros ainda buscava seu espaço no judô nacional quando Guilheiro subiu ao pódio em Atenas. Ela chegou à seleção brasileira, mas não conseguia superar Danielle Zangrando, medalhista mundial.A virada só veio neste ano, quando a brasiliense obteve bons resultados em eventos internacionais e ainda viu a concorrente se machucar. A opção da técnica Rosicléia Campos levou a ex-titular a reclamar que não teve chance de provar que poderia ir às Olimpíadas. Porém, a escolha foi mantida. Flávio Florido/UOL Bandeira do Brasil vai para o pódio no terceiro dia de competições em PequimKETLEYN: ASCENSÃO RÁPIDA JUDÔ, O Nº 1 DO BRASIL TÉCNICA EXAGERA NA FESTA VEJA FOTOS DE GUILHEIRO VEJA FOTOS DE KETLEYN Se houve diferenças, em comum os dois medalhistas de bronze levaram a desconfiança que alcançariam bons resultados nesta segunda e também um sorteio desfavorável. A brasiliense teve de enfrentar logo na segunda rodada a holandesa Deborah Gravenstijn, dona de 17 medalhas em etapas da Copa do Mundo. Ketleyn perdeu e teve de enfrentar a espanhola Isabel Fernandez, campeã olímpica em Sydney-2000. A brasiliense ganhou o desafio e, a partir daí, embalou para a inédita conquista."Tudo aconteceu muito rápido. Não sei explicar. Quando ganhei, eu não acreditei", disse Ketleyn, que tratou de observar rapidamente duas pessoas que assistiam orgulhosas ao seu triunfo nas arquibancadas: a mãe e a madrinha. "Fiquei só olhando para as pessoas vendo qual a reação delas", resumiu a primeira brasileira com uma medalha em prova individual.Guilheiro passou um verdadeiro sufoco na estréia e chegou a estar perdendo para o argentino Mariano Bertolotti. A virada só veio no minuto final, quando o atleta nascido em Suzano forçou três punições e ganhou. Porém, na terceira luta, veio o duelo com o sul-coreano Ki Chun Wang, campeão mundial. O brasileiro dificultou a vida do rival, forçou a prorrogação, mas sucumbiu. Assim, teve de enfrentar a repescagem, mas, a exemplo de Atenas-2004, soube manter o equilíbrio emocional para ganhar duas lutas e levar o bronze."Passei por tantas dificuldades nesses últimos três, quatro anos, que só participar dessa Olimpíada já era um presente. E recebi essa dádiva que é ganhar a medalha. Mas o fato por si só de estar aqui já é uma dádiva", celebrou o paulista, que comemorou o seu 25º aniversário na China, quatro dias antes de entrar para a história do judô como o único a conseguir duas medalhas consecutivas em Olimpíadas. Até então, apenas Aurélio Miguel fora a dois pódios, mas ele foi ouro em Seul-1988 e bronze em Atlanta-1996.As medalhas de bronze foram o desfecho para um dia que ainda teve uma arrasadora vitória da seleção feminina de vôlei sobre a Rússia por 3 sets a 0, com incríveis 25-14, 25-14 e 25-16. "Foi a vitória mais fácil que tive na seleção sobre elas. Foi demais", resumiu o técnico José Roberto Guimarães. Um triunfo que foi uma pequena vingança das derrotas sofridas para a mesma adversária na semifinal das Olimpíadas de Atenas-2004 e na decisão do Mundial do Japão-2006.Os favoritos Ricardo e Emanuel ganharam outra no vôlei de praia, a nadadora Gabriella Silva conquistou o sétimo lugar na final dos 100 m borboleta, e a seleção feminina de handebol empatou com a Hungria, uma das potências mundiais, por 28 a 28. O dia também foi emocionante com uma final notável do revezamento 4 x 100 m livre da natação, em que os EUA melhoraram em 3s59 o recorde mundial, mas ganharam por apenas 0s09 da França e apenas na braçada final de Jason Lezak. Além das duas equipes, outros três quartetos ficaram abaixo da antiga marca.http://olimpiadas.uol.com.br/2008/recordes-e-facanhas/guilheiro-e-ketleyn-colocam-brasil-no-podio-e-fazem-historia.jhtm