Deputados avaliam relatório do Ipea sobre desigualdade.O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (9) o relatório "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", que mostra uma redução de 10% nas disparidades de renda ...
Especial - 10/09/2008 12h10 O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (9) o relatório "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", que mostra uma redução de 10% nas disparidades de renda entre negros e brancos e entre homens e mulheres, no período de 1996 a 2006.O documento demonstra, no entanto, que a distância social entre esses grupos ainda permanece elevada. As desigualdades de gênero e raça são objeto de intenso debate na Câmara. Somente para garantir direitos e boas condições de vida e saúde da mulher são mais de 140 projetos em tramitação na Casa.Na avaliação da deputada Cida Diogo (PT-RJ), uma das maneiras de reduzir as desigualdades de gênero é ampliar a participação feminina em espaços de poder. "Na medida em que tivermos mais mulheres nos postos de decisão, no Executivo, no Judiciário, teremos condições de fazer avançar políticas específicas para o grupo", afirma. Para ela, é importante, por exemplo, garantir qualificação profissional às mulheres. "Apesar de apresentarem maior escolaridade que os homens, as mulheres não têm oportunidade de se qualificar profissionalmente", destaca. A deputada também defende a adoção de leis para punir a discriminação de gênero por parte dos empregadores.De acordo com os dados do relatório, no que se refere à renda, o salário das mulheres corresponde a 2/3 do pago aos homens. Os negros ganham, em média, metade do rendimento dos brancos. A situação das mulheres negras é a mais grave: elas recebem, em média, 32% do que recebem os homens brancos.O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, reconhece que "ainda vai levar gerações para emergir um quadro mais expressivo de redução das desigualdades". O ministro lembra que, durante mais de 100 anos, desde a Abolição, o Estado não investiu na melhoria da qualidade de vida da população negra. "Somente com a Constituição de 1988 se começou a pensar nessa questão, mas foi no governo Fernando Henrique Cardoso que as políticas começaram a ser implementadas", destaca. Para ele, a melhora nos índices é resultado exatamente de investimentos em políticas específicas.Famílias femininasOs números do Ipea mostram mais uma vez o aumento do número de famílias chefiadas por mulheres. De 19,7% em 1993, o contingente passou para 28,8% em 2006. Nas cidades, o índice é ainda maior, 31,3% dos lares, contra 14,6% no meio rural.O fato de ser chefiada por mulheres aumenta a chance de a família viver em favelas, diz o estudo. Dos domicílios chefiados por homens, 3,2% encontram-se nessas localidades, contra 4,8% dos comandados por mulheres. A situação é ainda pior se, além de ter chefia feminina, a família também for negra. Nesse caso, 6,6% das famílias vivem em favelas.* Matéria atualizada às 17h34Leia mais:Relatório do Ipea revela "racismo institucional"Câmara analisa mais de 140 projetos relativos à mulherhttp://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=126327