Hoje, a mudança na poupança anunciada nesta quarta-feira pelo governo não impedirá a migração de recursos dos fundos de investimento, mesmo se o governo confirmar a redução da tributação da renda fixa, informa reportagem de Toni Sciarretta, Denyse Godoy e Verena Fornetti, publicada na Folha desta quinta-feira (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).Nesta quarta, o ministro Guido Mantega (Fazenda) informou que aplicações na caderneta de poupança acima de R$ 50 mil serão tributadas com Imposto de Renda a partir de 2010. Será cobrado imposto apenas sobre o que exceder tal valor. A medida precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.O principal objetivo da medida --evitar que a migração de recursos de fundos para a poupança prejudique rolagem a da dívida pública, cujos títulos servem de base para as aplicações dos fundos--, entretanto, não será atingido, de acordo com os especialistas ouvidos pela Folha."Pode ter uma migração dos investidores que têm menos de R$ 50 mil nos fundos", disse à reportagem o administrador de investimentos Fabio Colombo.Segundo José Dutra, especialista em matemática financeira, pouca coisa mudará para quem tem pouco mais de R$ 50 mil na poupança se a Selic não ficar abaixo de 8,75% ao ano. Para ele, o governo adiou a decisão: "Ganhou tempo".MudançaDe acordo com a equipe econômica, as aplicações acima de R$ 50 mil representam cerca de 1% das contas na caderneta de poupança.A cobrança do IR será feita na fonte quando o valor do rendimento for superior a R$ 7.750, considerando a Selic atual (10,25% ao ano). Caso contrário, o IR só será pago na declaração do IR do ano seguinte.EntendaA queda recente da taxa Selic reduziu o ganho dos fundos de investimentos, que têm como desvantagem, em relação à poupança, a tributação do IR e as taxas de administração cobradas pelos bancos.A poupança tem rentabilidade garantida de 6% ao ano + TR (Taxa Referencial). A TR é calculada com base na média dos juros cobrados pelos bancos nos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Os fundos dependem dos títulos públicos, ou privados, em que o seu administrador aplica.O governo estudava há meses a mudança nas regras da caderneta para evitar fuga de recursos dos fundos de investimentos para a poupança.